Tração/redução no TRM cervical
Proposta:
reduzir as fraturas e deslocamentos, mantendo o alinhamento normal e/ou
imobilização da coluna cervical afim de prevenir danos à medula. A tração
promove a descompressão da medula e raízes, além de facilitar a cicatrização
óssea.
Contra-indicações:
- Luxação atlanto-axial – associada
ao risco de 10% de deterioração neurológica
- Fratura de Hangman tipo II A e III
– Pode acentuar a deformidade
- Defeitos cranianos nos sítios de
inserção dos pinos
- Usar com cautela na população
pediátrica, além de não recomendado em menores de 3 anos
Comentários:
- Tração precoce em pacientes com TRM
cervical acordados não devem ser feitas pois estes podem ter lesões anteriores
adicionais que necessitem de tratamento cirúrgico.
- RNM é recomendada para todos os
pacientes em que a tração falha.
- Pacientes que não puderam ser
examinados antes da redução com tração ou da redução cruenta posterior podem
ter herniação discal em 33 – 50% dos casos e necessiatar de descompressão
anterior antes da redução.
Aplicações:
- Dispositivo: Crutchfield ou
Gardner. Crutchfield requer pré-drilagem dos pontos no crânio. O Gardner é o
mais usado. Se houver a proposta do uso do Halo-Vest este deve ser precedido
pela redução através da tração e convertido no Halo num momento apropriado.
- Preparação: Preparo com tricotomia,
degermação com povidine e infiltração com anestésico local. É opcional a
realização de incisão no escalpo para diminuir a contaminação durante o trajeto
dos pinos.
- Gardner: Os pinos são posicionados
osso temporal, acima do músculo temporal, 2 a 3 dedos acima do pavilhão
auricular. Diretamente acima do meato se a tração for em posição neutra, 2 a 3
cm posterior se a tração for em flexão e 2 a 3 cm anterior se a tração for em
extensão. Um pino têm um medidor de força. Apertar o pino até o indicador
ultrapassar 1 mm da superfício plana. Reaperte os pinos diariamente 1 mm
durante 3 dias e depois pare.
- Muitos anéis podem ser usados para
iniciar a tração e depois serem convertidos no halo vest. Os locais usuais para
os pinos são usados. Uma dica é colocar os pinos frontais com o paciente de
olhos fechados, isso previne incômodos enquanto o paciente estiver de olhos
abertos.
- Radiografias: RX cervical em perfil
devem ser óbitos imediatamente após a aplicação da tração, periodicamente, após
mudança na carga e mudanças no leito. Checar o alinhamento e excluir luxação
atlanto-occipital. A distancio do básio ao odontóide deve ser menor que 5 mm em
adultos.
- Carga: Usar 5 libras para a coluna
cervical alta e 10 libras para a coluna cervical baixa. Só se deve retirar o
colar cervical com pacientes com alinhamento adequado. Para reduzir as facetas
trancadas, inicialmente deve se usar em libras 3 vezes o nível cervical
afetado, aumentando de 5 – 10 libras a cada 15 mins até o resultado desejado.
Acompanhar o procedimento com RX e exame neurológico seriados para prevenir
distração excessiva. Não exceder 10 libras por vértebra. Interromper se houver
sinal de instabilidade occipitocervical ou se algum espaço discal exceder 10 mm
(overdistraction). Para faceta trancada unilateral, é utilizado torção manual
em direção ao lado da faceta trancada. Na faceta trancada bilateral, é adicionado
tensão posterior.
Cuidados com o pino: Limpeza diária
com povidine.
Complicaçõs:
- Penetração do pino no crânio, podem
ocorrer por posicionamento firme dos pinos, posicionamente na escama temporal,
pacientes idosos, principalmente com osteoporose, infiltração do osso por tumor
e fratura do sítio de inserção.
- Deterioração neurológica durante a
redução, ocorre usualmente por retropulsão do disco e requer investigação
imediata por RNM / mielograma.
-
Overdistraction: carga excessiva, principalmente para níveis cervicais altos.
Pode lesionar ligamentos.
-
Cuidados com lesões em C1 e C, especialmente de elementos posteriores.
-
Infecção: Osteomielite no sítio de inserção do pino, que é reduzido com os
cuidados de limpeza. Empiema subdural.
OBS:
1 libra = 0,45 kg
FONTE: GREENBERG
Dr. Bernardo de Andrada