sexta-feira, 8 de junho de 2012

Mobilidade, redes sociais e medicina

As vezes me flagro pensando o que será que o velho Chacrinha estaria aprontando na era da tecnologia da comunicação móvel. Com certeza o Chico Science estaria divulgando suas idéias e seu som pelo twitter, blog e facebook até porque naquela época já havia previsto os dias atuais. Não faltam especulações sobre o futuro, ou melhor, o presente, quando o assunto se trata de tecnologia, inclusive, um hacker americano chamado Christopher Soghoiane afirma que os smartphones são fomentados pelos governos por se tornarem uma ferramenta barata e fácil de espionagem, dispensando assim aparatos complexos e caros.
Discussões entre hackers, artistas, músicos e comunicadores à parte, a revolução na tecnologia das telecomunicações, especialmente no que diz respeito ao uso de smartphones e das redes sociais, vêm sendo muito útil para a área de saúde, especificamente na medicina. Vêm contribuindo para atualização científica constante e imediata, além de estreitar a comunicação entre membros da equipe médica facilitando a logística do atendimento e funcionamento dos serviços. Outra novidade é a discussão de casos cínicos em fóruns científicos facilitando o raciocínio diagnóstico e a conduta terapêutica.
A comunicação entre staffs, residentes, fellows e chefe, incluindo também enfermeiros e equipe multidisciplinar, pode ser facilitada através de grupos de e-mail possibilitando lembretes e pendências, além de informativos gerais. O uso do Facebook e LinkedIn pode aproximar os laços pessoais entre os membros da equipe, além de hospedar fóruns onde é possível discutir casos clínicos com colegas de outros países e ter ajuda na decisões de conduta em situações mais controversas. Atualmente o cirurgião entra no seu consultório, captura a imagem da tomografia no negatoscópio através do seu smartphone e discute o caso quase que instantâneamente com colegas de todos os quatro cantos do mundo. O LinkedIn trata-se de um network,  mais lembrado quando o assunto é uma oportunidade de emprego, uma indicação ou referência profissional. Recentemente, ocorreu a primeira cirurgia transmitida ao vivo por uma rede social nos Estados Unidos e atingiu pouco mais de 14 milhões de expectadores entre médicos e público em geral. A possibilidade de obter vídeos de cirurgias e os compartilhar com colegas que possam opinar e criticar influencia ativamente no resultado positivo da operação.
No quesito atualização médica continuada os principais aplicativos utilizados nos smartphones  são o twitter e os RSS feeds, ferramenta muito utilizada em blogs para receber atualizações. Através deles é possível o usuário seguir ou assinar determinadas entidades como por exemplo perfis de periódicos e receber abstracts e artigos científicos recém publicados em seu celular. É possível também seguir o perfil de uma sociedade médica, receber informativos e notícias sobre eventos, encontros, congressos, simpósios, reuniões e eleições entre outras.
O compartilhamento de fotos de exames, documentos de texto do word e pdf, planilhas do excel, escalas e arquivos em geral também é possível em tempo real. O residente elabora um resumo científico e através do iPhone o disponibiliza para todos os staffs conferirem antes de submeter para o próximo congresso científico. Isso é possível graças à tecnologia do armazenamento virtual, os arquivos ficam disponíveis na chamada “nuvem” através da criação de uma conta em sites como, por exemplo, o DropBox.
Dentre todas essas tecnologias, penso que o equilíbrio pessoal para seu uso e exploração seja ideal apenas para extrair benefício, sem causar danos aos pacientes como, por exemplo, expô-los. É fundamental sempre ter em mente a preocupação de preservar a privacidade e respeitar o código de ética médica que, inclusive recentemente publicou atualizações de normas para o uso de tais ferramentas. Sem dúvidas, o principal beneficiado do bom uso por parte dos médicos da mobilidade e redes sociais, sem dúvidas, será o paciente.
Creio que nos dias de hoje, um médico inteligente e, com todos os aparatos de comunicação disponíveis, jamais iria se “estrumbicar” como diria o velho Chacrinha.
“Computadores fazem arte, artistas fazem dinheiro” (Chico Science).

Um comentário:

  1. recentemente fui indagado sobre o "futuro" que imaginávamos quando éramos crianças, acerca de robôs e carros voadores e que não havia se concretizado, porém respondi que aconteceu sim, não no aspecto que esperávamos, mas principalmente no setor de comunicações.

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