As vezes me flagro pensando o que
será que o velho Chacrinha estaria aprontando na era da tecnologia da
comunicação móvel. Com certeza o Chico Science estaria divulgando suas idéias e
seu som pelo twitter, blog e facebook até porque naquela época já havia
previsto os dias atuais. Não faltam especulações sobre o futuro, ou melhor, o
presente, quando o assunto se trata de tecnologia, inclusive, um hacker
americano chamado Christopher Soghoiane afirma que os smartphones são
fomentados pelos governos por se tornarem uma ferramenta barata e fácil de
espionagem, dispensando assim aparatos complexos e caros.
Discussões entre hackers, artistas,
músicos e comunicadores à parte, a revolução na tecnologia das telecomunicações,
especialmente no que diz respeito ao uso de smartphones e das redes sociais, vêm
sendo muito útil para a área de saúde, especificamente na medicina. Vêm
contribuindo para atualização científica constante e imediata, além de
estreitar a comunicação entre membros da equipe médica facilitando a logística
do atendimento e funcionamento dos serviços. Outra novidade é a discussão de
casos cínicos em fóruns científicos facilitando o raciocínio diagnóstico e a
conduta terapêutica.
A comunicação entre staffs,
residentes, fellows e chefe, incluindo também enfermeiros e equipe multidisciplinar,
pode ser facilitada através de grupos de e-mail possibilitando lembretes e
pendências, além de informativos gerais. O uso do Facebook e LinkedIn pode
aproximar os laços pessoais entre os membros da equipe, além de hospedar fóruns
onde é possível discutir casos clínicos com colegas de outros países e ter
ajuda na decisões de conduta em situações mais controversas. Atualmente o
cirurgião entra no seu consultório, captura a imagem da tomografia no
negatoscópio através do seu smartphone e discute o caso quase que
instantâneamente com colegas de todos os quatro cantos do mundo. O LinkedIn
trata-se de um network, mais lembrado
quando o assunto é uma oportunidade de emprego, uma indicação ou referência
profissional. Recentemente, ocorreu a primeira cirurgia transmitida ao vivo por
uma rede social nos Estados Unidos e atingiu pouco mais de 14 milhões de
expectadores entre médicos e público em geral. A possibilidade de obter vídeos
de cirurgias e os compartilhar com colegas que possam opinar e criticar influencia
ativamente no resultado positivo da operação.
No quesito atualização médica
continuada os principais aplicativos utilizados nos smartphones são o twitter e os RSS feeds, ferramenta muito
utilizada em blogs para receber atualizações. Através deles é possível o
usuário seguir ou assinar determinadas entidades como por exemplo perfis de
periódicos e receber abstracts e artigos científicos recém publicados em seu celular.
É possível também seguir o perfil de uma sociedade médica, receber informativos
e notícias sobre eventos, encontros, congressos, simpósios, reuniões e eleições
entre outras.
O compartilhamento de fotos de
exames, documentos de texto do word e pdf, planilhas do excel, escalas e
arquivos em geral também é possível em tempo real. O residente elabora um
resumo científico e através do iPhone o disponibiliza para todos os staffs
conferirem antes de submeter para o próximo congresso científico. Isso é
possível graças à tecnologia do armazenamento virtual, os arquivos ficam
disponíveis na chamada “nuvem” através da criação de uma conta em sites como,
por exemplo, o DropBox.
Dentre todas essas tecnologias,
penso que o equilíbrio pessoal para seu uso e exploração seja ideal apenas para
extrair benefício, sem causar danos aos pacientes como, por exemplo, expô-los. É
fundamental sempre ter em mente a preocupação de preservar a privacidade e
respeitar o código de ética médica que, inclusive recentemente publicou
atualizações de normas para o uso de tais ferramentas. Sem dúvidas, o principal
beneficiado do bom uso por parte dos médicos da mobilidade e redes sociais, sem
dúvidas, será o paciente.
Creio que nos dias de hoje, um
médico inteligente e, com todos os aparatos de comunicação disponíveis, jamais
iria se “estrumbicar” como diria o velho Chacrinha.
“Computadores fazem arte,
artistas fazem dinheiro” (Chico Science).
recentemente fui indagado sobre o "futuro" que imaginávamos quando éramos crianças, acerca de robôs e carros voadores e que não havia se concretizado, porém respondi que aconteceu sim, não no aspecto que esperávamos, mas principalmente no setor de comunicações.
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