Esses dias passando pelas imediações
de São Cristóvão e gozando da raridade de um tempo a mais decidi passar no
Museu Nacional, um casarão na bastante arborizada Quinta da Boa Vista. O museu
ocupa o imóvel da antiga residência da família real no Rio de Janeiro, pertence
à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e reúne um dos maiores acervos
científicos da América Latina. Nesse passeio pelas aulas de biologia do ginásio
o que mais me chamou a atenção foram os fósseis de crânios dos nossos ancestrais,
que me fez refletir bastante sobre toda a evolução até chegarmos ao presente homo sapiens e a era da internet.
Observando nossos ancestrais e até
mesmo os macacos, percebo como ao mesmo tempo somos tão semelhantes e tão
diferentes. Essa diferença toda é sem dúvida originada no desenvolvimento do
cérebro, que nos permitiu evoluir de simples habilidades manuais para as habilidades
filosóficas, matemáticas e científicas em geral. O desenvolvimento do crânio
nos tornou conscientes e então viemos conhecer o que realmente somos ou, pelo
menos, estamos tentando bolar algumas teorias acerca disso ao longo da história.
Na era das redes sociais poderíamos nos
surpreender com o fato de que andar de forma “erecta” foi considerado uma habilidade um dia e caracterizou
uma espécie hominídea. Após lascarmos a pedra no período paleolítico para criarmos
instrumentos de caça e pesca, escrevemos nossos diários rupestres em paredes de
cavernas contando nossos sucessos e fracassos nas caçadas selvagens. Os
períodos históricos passaram e conseguimos executar obras faraônicas no Egito,
contar com a contribuição de tradições de povos e pessoas (filósofos) que
dedicaram a vida a pensar e tentar responder perguntas até encontrarem a razão. É interessante pensar como o sistema nervoso evoluiu
de maneira centrípeta, ou seja, primeiro os nervos periféricos seguidos pela
medula, que foi acompanhada do desenvolvimento da coluna vertebral e nos
permitiu ser homo erectus. Depois veio o
desenvolvimento do cérebro, principalmente do telencéfalo, que nos deu um
sobrenome que faz alusão ao saber, a sapiência, e um crânio capaz de suportar
um maior volume de neurônios. Carregamos até hoje habilidades como pensar,
saber, raciocinar, filosofar, debater e concluir. Essas foram aquisições tão
importantes na evolução que nos fez mudar o nome da espécie, homo sapiens sapiens, e daqui a algum
tempo terão que acrescentar mais alguns sapiens
no nome já que a geração video-game vem desenvolvendo muito o intelecto,
além dos reflexos e da habilidade de raciocinar rapidamente. Por esse motivo as
crianças nos parecem cada vez mais espertas e prometem muitas mudanças no
comportamento da humanidade em um futuro bem breve.
Atualmente participamos de uma nova
era, a da consciência coletiva. Temos ciência das diversas opiniões através de
blogs e do facebook e somos sozinhos capazes de formar uma opinião própria, sem
contarmos com a ajuda de grandes correntes manipuladoras. Contando cada vez
mais com a ajuda da internet, entramos na era da liberdade da informação, quando
processamos informações brutas vindo de diversos veículos de comunicação e
formamos uma massa cada vez mais maciça de conclusões personalizadas em nossa
mente. O intuito coletivo apesar de reprimido outrora sempre escapa em busca da
evolução por outra passagem, atualmente representada pela internet, uma luz no
fim do túnel. Nos dias atuais me pergunto como pode um mundo que se considera em
evolução filosófica ainda sofrer feridas que sangram causadas pela inveja,
raiva, ciúmes e outros sentimentos ruins?
A diferença no tamanho do crânio
entre nós e nossos ancestrais não é mera coincidência. Será que teremos uma
cabeça maior em um futuro onde o homem respeitará e viverá em paz com o
próximo?
"Os males não cessarão para os humanos antes
que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os
chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar
verdadeiramente." (Platão, Carta Sétima, 326b).
Crânio do Australopitecus
Crânio de um Homo Erectus
Australopitecus
Aos que forem visitar o Rio de Janeiro recomendo a visita, parece que estão fazendo melhorias e obras de restaurações. http://www.museunacional.ufrj.br/
Bernardo de Andrada
não me ajudou muito mas gostei
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