quinta-feira, 9 de julho de 2015

TREINAMENTO EM MICRONEUROCIRURGIA VASCULAR.

TREINAMENTO EM MICRONEUROCIRURGIA VASCULAR.
Por Silvio Fernandes.

As fotos mostram anastomoses (bypass) realizadas em artérias de frangos frescos. As suturas são realizadas com a finalidade de treinamento, com fio mononylon extremamente delgado e através do microscópio cirúrgico.

A técnica de anastomose vascular é utilizada para tratar aneurismas intracranianos complexos em que a clipagem oferece um alto risco de complicações como isquemia por exemplo.

As anastomoses mais frequentes são as da artéria temporal superficial com a cerebral média, e também da artéria occipital para a a artéria cerebelar póstero-interior (PICA).

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sexta-feira, 12 de junho de 2015

RESUMO: TRAÇÃO E REDUÇÃO NO TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR CERVICAL

Tração/redução no TRM cervical

                Proposta: reduzir as fraturas e deslocamentos, mantendo o alinhamento normal e/ou imobilização da coluna cervical afim de prevenir danos à medula. A tração promove a descompressão da medula e raízes, além de facilitar a cicatrização óssea.
                Contra-indicações:
- Luxação atlanto-axial – associada ao risco de 10% de deterioração neurológica
- Fratura de Hangman tipo II A e III – Pode acentuar a deformidade
- Defeitos cranianos nos sítios de inserção dos pinos
- Usar com cautela na população pediátrica, além de não recomendado em menores de 3 anos
Comentários:
- Tração precoce em pacientes com TRM cervical acordados não devem ser feitas pois estes podem ter lesões anteriores adicionais que necessitem de tratamento cirúrgico.
- RNM é recomendada para todos os pacientes em que a tração falha.
- Pacientes que não puderam ser examinados antes da redução com tração ou da redução cruenta posterior podem ter herniação discal em 33 – 50% dos casos e necessiatar de descompressão anterior antes da redução.
                Aplicações:
- Dispositivo: Crutchfield ou Gardner. Crutchfield requer pré-drilagem dos pontos no crânio. O Gardner é o mais usado. Se houver a proposta do uso do Halo-Vest este deve ser precedido pela redução através da tração e convertido no Halo num momento apropriado.
- Preparação: Preparo com tricotomia, degermação com povidine e infiltração com anestésico local. É opcional a realização de incisão no escalpo para diminuir a contaminação durante o trajeto dos pinos.
- Gardner: Os pinos são posicionados osso temporal, acima do músculo temporal, 2 a 3 dedos acima do pavilhão auricular. Diretamente acima do meato se a tração for em posição neutra, 2 a 3 cm posterior se a tração for em flexão e 2 a 3 cm anterior se a tração for em extensão. Um pino têm um medidor de força. Apertar o pino até o indicador ultrapassar 1 mm da superfício plana. Reaperte os pinos diariamente 1 mm durante 3 dias e depois pare.
- Muitos anéis podem ser usados para iniciar a tração e depois serem convertidos no halo vest. Os locais usuais para os pinos são usados. Uma dica é colocar os pinos frontais com o paciente de olhos fechados, isso previne incômodos enquanto o paciente estiver de olhos abertos.
- Radiografias: RX cervical em perfil devem ser óbitos imediatamente após a aplicação da tração, periodicamente, após mudança na carga e mudanças no leito. Checar o alinhamento e excluir luxação atlanto-occipital. A distancio do básio ao odontóide deve ser menor que 5 mm em adultos.
- Carga: Usar 5 libras para a coluna cervical alta e 10 libras para a coluna cervical baixa. Só se deve retirar o colar cervical com pacientes com alinhamento adequado. Para reduzir as facetas trancadas, inicialmente deve se usar em libras 3 vezes o nível cervical afetado, aumentando de 5 – 10 libras a cada 15 mins até o resultado desejado. Acompanhar o procedimento com RX e exame neurológico seriados para prevenir distração excessiva. Não exceder 10 libras por vértebra. Interromper se houver sinal de instabilidade occipitocervical ou se algum espaço discal exceder 10 mm (overdistraction). Para faceta trancada unilateral, é utilizado torção manual em direção ao lado da faceta trancada. Na faceta trancada bilateral, é adicionado tensão posterior.
Cuidados com o pino: Limpeza diária com povidine.
Complicaçõs:
- Penetração do pino no crânio, podem ocorrer por posicionamento firme dos pinos, posicionamente na escama temporal, pacientes idosos, principalmente com osteoporose, infiltração do osso por tumor e fratura do sítio de inserção.
- Deterioração neurológica durante a redução, ocorre usualmente por retropulsão do disco e requer investigação imediata por RNM / mielograma.
- Overdistraction: carga excessiva, principalmente para níveis cervicais altos. Pode lesionar ligamentos.
- Cuidados com lesões em C1 e C, especialmente de elementos posteriores.
- Infecção: Osteomielite no sítio de inserção do pino, que é reduzido com os cuidados de limpeza. Empiema subdural.


OBS: 1 libra = 0,45 kg

FONTE: GREENBERG

Dr. Bernardo de Andrada

domingo, 7 de junho de 2015

RESUMO: ANATOMIA VASCULAR DO ENCÉFALO E DA MEDULA

Anatomia Vascular do Encéfalo e da Medula
A irrigação arterial do encéfalo se dá principalmente por dois sistemas, o anterior (carotídeo) e o posterior (vertebrobasilar), formado cada um por um par de calibrosas artérias que penetram o crânio e nutrem a maioria das estruturas intracranianas.
O sistema carotídeo é composto por um par de artérias carótidas que ascendem pela face anterolateral do pescoço, posteromedialmente ao músculo esternocleidomastoideo, penetra o crânio no osso petroso e ganha o seio cavernoso perto do III, IV, V e VI nervo craniano e logo depois se bifurcando em artéria cerebral anterior e artéria cerebral média. Através dos seus ramos supre a parte anterior da circulação encefálica, lobos frontal, parietal, a maior parte do lobo temporal e os núcleos da base. A cerebral anterior nutre as estruturas mediais e a cerebral média nutre as estruturas corticais laterais, a maior parte dos núcleos da base e o ramo posterior da cápsula externa. 
O sistema vertebral é compsoto pelas artérias verterais, que emergem das artérias subclávias e ascendem (segmento pré-vertebral) através dos forames vertebrais da coluna cervical a partir de C6 (segmento transversário). Ao nível de C1 curva-se posteriormente até chegar a dura-máter (segmento atlântico) e ganha o crânio através do forame magno (segmento intracraniano). Ao penetrar no crânio as duas vertebrais se unem e formam a artéria basilar, emitindo antes dois segmentos que se unem e formam a artéria medular anterior, que desce pela face ventral da medula. Ainda antes da formação da basilar, as vertebrais dão origem a artéria cerebelar póstero-interior (PICA). A artéria basilar por sua vez ascende pela face ventral da ponte e ao nível do mesencéfalo, na fossa interpeduncular se bifurca nas duas artérias cerebrais posteriores. A artéria basilar através de seus ramos perfurantes nutre a região posterior do encéfalo incluindo tronco encefálico, cerebelo, tálamo, lobos occipitais e temporais inferiores. Seus ramos principais são a artéria cerebelar anterior inferior (AICA), artéria do labirinto, artéria cerebelosa superior e finalmente as artérias cerebrais posteriores, que correm através da cisterna ambiens. A artéria vertebral origina alguns ramos meníngeos que irrigam a dura-máter da fossa posterior.
A drenagem venosa do encéfalo se dá através dos seios venosos, das veias superficiais e das veias profundas. Os principais seios venosos são o seio sagital superior, sagital inferior, seio reto, seio transverso, seio occipital, seio sigmóide, seio petroso superior e inferior, seio cavernoso e seio esfenoparietal. O seio sagital superior (SSS) drena o couro cabeludo, crânio, veias meningeas e cerebrais além de promover a reabsorção liquórica através das granulações aracnóides. O seio cavernoso drena a veia oftálmica superior para os seios petrosos e contém os nervos cranianos III, IV, V e VI. O seio petroso superior drena o seio cavernoso, o seio petroso inferior drena do seio cavernoso e do tronco cerebral para a veia jugular interna. O seio reto drena o seio sagital inferior e a veia cerebral magna para a confluência dos seios. O seio transverso drena da confluência dos seios para os seios sigmoideos. O seio sigmoideo drena do seio transverso para o forame jugular até se tornar veia jugular. As veias superficiais são as cerebrais superficiais que correm no espaço subpial, originam-se no encéfalo e drenam para os seios da dura-máter; As veias meningeas que drenam as meninges para os seios venosos e por fim as diplóicas e emissárias que drenam por dentro do osso (através da díploe) para os seios venosos. As veias profundas são as veias subependimárias, como a tálamo-estriada que drena o núcleo caudado, cápsula interna e substância branca profunda do lobo parietal e corre dentro do ventrículo lateral, saindo do mesmo e tornando-se as veias cerebrais internas. A veia basal de Rosenthal une-se à cerebral interna para formar a veia cerebral magna ou veia de Galeno.

A medula espinhal é nutrida principalmente pela artéria espinhal anterior, originada das artérias vertebrais que se fundem no ventre da medula oblonga. No dorso da medula correm as duas artérias espinhais posteriores originadas também da vertebral. Todas essas artérias espinhais recebem suprimento adicional das artérias radiculares que saem da aorta. A artéria radicular anterior maior (ou artéria de Adamkewicz) supre a medula espinhal de T8 ao cone medular. Os segmentos de T3 a T8 são os mais vulneráveis à isquemia devido a irrigação mínima de sangue recebido principalmente das artérias radiculares nestes níveis. A drenagem venosa da medula espinhal é feita pelas veias espinhais que correm junto às artérias espinhais anterior e posteriores, também pelas veias radiculares que correm junto às artérias radiculares e pelo plexo venoso vertebral interno e externo. O plexo venoso não tem válvula permitindo facilmente o implante de lesões metastáticas e de focos de infecção.

Dr. Bernardo de Andrada

terça-feira, 2 de junho de 2015

Guideline on the Diagnosis and Treatment of Spontaneous Intracerebral Hemorrhage

Rapid neuroimaging with computed tomography or MRI is recommended to distinguish ischemic stroke from ICH.
Hemostasis and Coagulopathy, Antiplatelet Agents, and Deep-Vein Thrombosis Prophylaxis
  • Patients with a severe coagulation factor deficiency or severe thrombocytopenia should receive appropriate factor replacement therapy or platelets, respectively.

  • Patients with ICH whose international normalized ratio (INR) is elevated because of vitamin K antagonists (VKAs) should have their VKA withheld, receive therapy to replace vitamin K–dependent factors and correct the INR, and receive intravenous vitamin K.

  • Patients with ICH should have intermittent pneumatic compression for prevention of venous thromboembolism beginning the day of hospital admission.
Blood Pressure
  • For patients with ICH presenting with systolic blood pressure (SBP) between 150 and 220 mm Hg and without contraindication to acute BP treatment, acute lowering of SBP to 140 mm Hg is safe and can be effective for improving functional outcome.
General Monitoring and Nursing Care
  • Initial monitoring and management of patients with ICH should take place in an intensive care unit or dedicated stroke unit with physician and nursing neuroscience acute care expertise.
Glucose Management
  • Glucose should be monitored. Both hyperglycemia and hypoglycemia should be avoided.
Seizures and Antiseizure Drugs
  • Clinical seizures should be treated with antiseizure drugs.

  •  Patients with a change in mental status who are found to have electrographic seizures on electroencephalography should be treated with antiseizure drugs.
Management of Medical Complications
  • A formal screening procedure for dysphagia should be performed in all patients before the initiation of oral intake to reduce the risk for pneumonia.
Surgical Treatment of ICH 
Patients with cerebellar hemorrhage who are deteriorating neurologically or who have brain stem compression and/or hydrocephalus from ventricular obstruction should undergo surgical removal of the hemorrhage as soon as possible.  
Prevention of Recurrent ICH
  • BP should be controlled in all patients with ICH. Measures to control BP should begin immediately after ICH onset.
Rehabilitation and Recovery
  • Given the potentially serious nature and complex pattern of evolving disability and the increasing evidence for efficacy, it is recommended that all patients with ICH have access to multidisciplinary rehabilitation.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

EMBOLIZAÇÃO DE ANEURISMAS CEREBRAIS

Os aneurismas cerebrais se formam a partir de uma região enfraquecida na parede de uma artéria cerebral, crescem silenciosamente na grande maioria dos casos e adquirem o formato de uma bolha ou saco. São descobertos, geralmente, somente após a sua ruptura, o que ocasiona um grave extravasamento de sangue na base do cérebro conhecido como Hemorragia Subaracnóide.

Após ocorrido o sangramento é formado um coágulo no fundo do aneurisma controlando assim a hemorragia, a partir daí é necessário uma intervenção pois o risco é muito grande de novos episódios, sendo esses geralmente fatais. O tratamento pode ser feito através de uma cirurgia conhecida como clipagem ou de um procedimento chamado embolização.

A embolização dos aneurismas cerebrais é um procedimento feito através de cateterismo que consiste no preenchimento do saco aneurismático com micromolas de platina, representadas na foto. Esta intervenção endovascular exclui o aneurisma da circulação e dessa forma reduz drasticamente o risco de nova hemorragia. 



Dr. Bernardo de Andrada

domingo, 24 de maio de 2015

RESUMO: PRINCIPAIS COMPONENTES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

COMPONENTES DO SISTEMA NERVOSO E SUAS PRINCIPAIS DIVISÕES

Meninges: As meninges são constituídas da dura-mater, aracnóide e pia-mater. A dura-mater é a mais externa e adere firmemente ao osso nas linhas de sutura e em terno do forame magno. Bainhas de dura cobrem os nervos cranianos e espinhais em sua saída e depois se fundem ao epineuro. Pregas de dura separam os dois hemisférios formando a foice cerebral, e separam as estruturas da fossa media das estruturas da fossa posterior formando a tenda cerebelar. Ainda uma prega separa os dois hemisférios cerebelares formando a foice cerebelar. A dura craniana é em sua maioria uma camada única, com dois folhetos distinguíveis apenas nos seios durais. Em contrapartida, a dura medular tem suas camadas distintas, uma formando o periósteo do canal vertebral e outra recobre estreitamente a medula. Sobre a superfície do cebrebro e da medula, a aracnóide e a pia-mater estão estritamente aderida formando a chamada leptomeninge. Em algumas regiões a aracnóide e a pia se separam formando as cisternas liquóricas.

Hemisférios cerebrais: Os dois hemisférios são separados incompletamente pela fissura interhemisférica onde está presente a foice cerebral. Profundamente na fissura passam os ramos da artéria cerebral anterior. Dois importantes marcos na superfície cerebral são a fissura lateral (Sylviana) e o sulco central (de Rolando). Nas profundezas da fissura sylviana encontra-se a ínsula. Mais superficialmente na fissura sylviana passam os ramos da artéria cerebral média.

Gânglios da Base: Núcleo Caudado,  Putâmen e Globo Pálido estão intimamente relacionados de um ponto de vista anatômico e funcional. O termo gânglios da base inclui estas e outras estruturas como o claustrum, núcleo subtalâmico e a substância negra. O caudado e o putâmen são na verdade duas partes de uma mesma estrutura ligadas por feixes de substancia cinzenta e separados pela cápsula interna. O nome dado para esta estrutura é corpo estriado. O caudade e o putâmen formam o neoestriado e o globo pálido é o paleoestriado. O putamen e o globo pálido são chamados de núcleo lentiforme. Os gânglios da base fazem parte do sistema motor extrapiramidal.

Tálamo: Grande estrutura ovóide situada profundamente na linha média apoiada sobre o tronco cerebral. Funciona como uma estação retransmissora de impulsos aferentes provenintes de todo o corpo e são então repassados ao córtex depois de serem “refinados”. São enviados ao córtex através dos pedúnculos talâmicos que passam pela alça anterior da cápsula interna.

Tronco cerebral: Estende-se caudalmente do diencéfalo a medula espinhal. De cefálico para caudal está o mesencéfalo, a ponte e a medula oblonga. A característica principal da parte ventral do mesencéfalo são os pilares cerebrais, que contêm os pedúnculos cerebrais. Dorsalmente a característica dominante é a presença da placa quadrigêmea. A ponte ventral é uma estrutura saliente e maciça devido as fibras pontocerebelares transversas. Posteriormente o cerebelo se posiciona sobrejacente à ponte separada dela pelo quarto ventrículo. A medula oblonga é o segmento mais caudal situado imediatamente acima do forame magno e tem três características marcantes: a decussação das pirâmides, o forame magno e o aparecimento das radículas de C1.

Cerebelo: Do ponto de vista fisiológico e clinico o cerebelo possui três divisões: o lobo floculonodular, o verme e os hemisférios. O lóbulo floculonodular é filogenéticamente o mais antigo e denominado arquicerebelo. Tem extensas conexões com os núcleos vestibulares e está ligado aos movimentos oculares e ao equilíbrio macroscópico. O verme é denominado tb paleocerebelo e tem extensas conexões com as vias medulares  e está ligado à marcha e à locomoção. Os hemisférios cerebelares são filogeneticamente mais recentes e chamados de neocerebelo. Estão ligados a coordenação dos movimentos e à provisão do controle motor fino e de movimentos precisos das extremidades.

Medula espinhal: Extremidade alongada e quase cilíndrica, se extendendo do bulbo até o cone medular. Ocupa aproximadamente dois terços do canal vertebral e se estende do forame magno até aproximadamente L2. A medula espinhal e a coluna vertebral crescem em velocidades diferentes, por isso há uma discordância entre o nível medular e os níveis vertebrais. Essa discrepância fica mais evidente quanto mais caudal for o nível. Cada segmento medular tem uma raiz anterior (motora) e uma raiz posteriora (sensitiva). As raízes anteriores e posteriores unem-se imediatamente após o ganglio espinhal dorsal, onde situa-se o corpo do neurônio sensitivo, forma-se então o nervo espinhal misto. Na medula torácica, ramos brancos e cinzentos ligam o nervo espinhal à cadeia simpática paravertebral. A medula espinhal termina no cone medular, mas suas raízes estendem-se formando a cauda eqüina.


RESUMO: HIPERTENSÃO INTRACRANIANA

Hipertensão Intracraniana – Princípios gerais

O crânio é preenchido por parênquima nervoso (80%), sangue (10%) e líquido cefalorraquidiano (10%). A PIC em condições normais varia de 50 a 200 mm de água ou de 10 a 15 mm Hg em adultos, e 3 a 7 mm Hg em crianças e 1,5 a 6 mm Hg em recém-nascidos. O aumento no volume de um dos componentes da cavidade do crânio ou uma lesão expansiva determina o deslocamento de um dos constituintes naturais para que a PIC se mantenha inalterada. Assim, é necessário que saia da cavidade intracraniana um volume de LCR igual ao volume acrescentado (Teoria de Monroe-Kellie). Primeiramente há diminuição do espaço subaracnóideo e posteriormente diminuição das cavidades ventriculares por diminuição do LCR. Posteriormente há um colapso do sistema venoso forçando a passagem de sangue venoso para as veias jugulares e para as veias emissárias do crânio. Sabe-se que a caixa craniana comporta 8 a 10% do seu espaço ocupado sem que haja aumento da PIC graças aos mecanismos de compensação. O aumento agudo da pressão intracraniana não permite, por questão de tempo, a ação destes mecanismos de compensação, ocorrendo assim um desequilíbrio precoce da relação volume/pressão intracraniana, podendo, nessas circunstâncias, ocorrer aumento da PIC com volumes bem menores.
                É importante saber da existência de um ponto onde ocorre o desequilíbrio entre o aumento do conteúdo intracraniano e o deslocamento de líquido do seu interior. A relação pressão/volume é representado por uma curva em um gráfico, na qual a pressão se eleva rapidamente a partir de um determinado volume, indicando uma complacência diminuída.
O encéfalo representa 2 % do peso corpóreo e consome aproximadamente 20% do oxigênio do organismo e 15% do débito cardíaco em fluxo sanguíneo. O fator mais importante que determina o fluxo sanguíneo cerebral (FSC) é a pressão de perfusão cerebral (PPC), que por sua vez e determinada pela diferença entre a pressão artéria média (PAM) e a pressão intracraniana (PIC). Três fatores regulam o fluxo sanguíneo cerebral sob condições fisiológicas: a pressão arterial sistêmica, a concentração arterial de oxigênio e a concentração arterial de gás carbônico. A habilidade do cérebro em manter o fluxo sanguíneo com variações da pressão de perfusão cerebral é o denominado mecanismo de auto-regulação do fluxo sanguíneo cerebral, que age através do diâmetro dos vasos. Quando a pressão arterial sistêmica é baixa, os vasos sanguíneos do cérebro se dilatam para manter o fluxo e quando a pressão arterial sistêmica é alta os vasos se contraem para manter o fluxo constante. Alta concentração de CO2 causa vasodilatação e aumento do FSC.
A cavidade craniana é dividida em compartimentos pela foice e pelo tentório em compartimentos infratentorial, supratentorial direito e esquerdo. Uma lesão expansiva ou efeito de massa aumenta a pressão mais naquele compartimento onde ela está localizada do que em outros, isso faz com que haja a tendência do tecido cerebral se deslocar para áreas de menores resistências, levando a verdadeiras “torções” do parênquima neural denominadas hérnias encefálicas.
1. Hérnia do cíngulo ou supracalosa: Massa supratentorial desloca o parênquima sobre a borda livre da foiceem direção ao lado oposto. O sistema ventricular também é deslocado e a artéria cerebral anterior pode ser comprimida. Não há sinais clínicos ou sintomas específicos.
2. Hérnia do úncus: Mais comum.  Vistas mais comumente em patologias da fossa média. Faz com que o únco e a porção medial do giro parahipocampal migrem entre a porção anterior do mesencéfalo e a borda livre do tentório em direção a fossa posterior. Causa rebaixamente do nível de consciência, anisocoria ipsilateral e défcit motor contralateral. Na Síndrome de Kernohan o deslocamento medial do tronco contra a borda do tentório contralateral causará hemiplegia ipsilateral. Há o risco de compressão da artéria cerebral posterior com infarto uni ou bilateral do lobo occipital.
3. Hérnia transtentorial central: Há o deslocamento central do mesencéfalo e do diencéfalo em direção inferior. Tais pacientes apresentam miose com reatividade pupilar à luz diminuída, respiração de Cheyne-Stokes, alteração do nível de consciência e paralisia do olhar conjugado vertical.
4. Herniação tonsilar: Lesões localizadas na fossa posterior. A tonsila do cerebelo se insinua através do forame magno  comprimindo o bulbo. Pode ocorrer falência cardiorrespiratória, hipertensão arterial sistêmica, respiração de Cheyne-Stokes ou de Biot, hiperventilação neurogênica central, apnéia, comprometimento da consciência, opistóteno, decorticação ou descerebração.
As lesões espansivas causam aumento da PIC não apenas pela ocupação, mas também  pela formação de edema cerebral, que pode ser de três tipos.
1. Edema vasogênico: Mais comum, é o aumento da permeabilidade capilar causando escape de plasma para o espaço intercelular. É visto em casos de tumores, trauma e abscesso. Mais freqüente na substância branca.
2. Edema citotóxico: Resulta de hipóxia do tecido neural, que afeta o mecanismo da bomba de sódio e potássio promovendo acúmulo de sódio intracelular que cria um fluxo de líquido para dentro da célula para manter a osmolaridade.
3. Edema intersticial ou transependimário: Resulta do extravasamento de líquor para o interstício da substância branca periventricular devido a um fluxo retrógrado transependimário. Ocorre principalmente em casos de hidrocefalia.
Quadro clínico é cefaléia quase sempre generalizada, que pior durante a noite provavelmente pela retenção de CO2 durante o sono. Lesões focais que distorcem a dura-méter ou grandes artérias e veias também causam cefaléia. O vômito ocorre principalmente pela manhã em decorrência da retenção de CO2. A hiperventilação após o vômito pode aliviar a cefaléia transitóriamente. Irritabilidade, alteração da personalidade, apatia, desatenção, confusão mental e alteração do nível de consciência – da sonolência ao coma - podem estar presentes.
O acometimento de nervos cranianos pode ocorrer e nem sempre tem valor localizatório. O abducente é o mais afetado. Outros sintomas vão ocorrer de acordo coma localização da lesão. O papiledema é um sinal característico. Pode haver aumento da PA, bradicardia e alteração do ritmo respiratório – tríade de Cushing. Nas crianças, é comum irritabilidade, choro freqüente e perda nas aquisições motoras. Quando as fontanelas aindanão estão soldadas, pode haver macrocrania e abaolamento das fontanelas e o sinal do sol poente.
Diagnóstico: A TC e a RM além de revelarem o aumento da PIC, revelam na maioria dos casos a causa desse aumento. As alterações que ocorrem perante o aumento da HIC são: presença de edemas, apagamento dos sulcos e cisternas, desvios de estruturas cerebrais e etc.
Tratamento: Medidas de suporte básico em unidade de terapia intensiva como suporte respiratório, hemodinâmico, nutricional e renal. Quando possível, o caminho mais eficaz é eliminar a causa da HIC como a drenagem de hematomas, exérese de tumores, drenagem de LCR, o que restaura a PIC de maneira mais eficaz que qualquer outro método.
O paciente deve estar com a cabeceira elevada a 30º com a cabeça em posição neutra para reduzir o volume de sangue encefálico. Isso evita a compressão das veias jugulares facilitando a drenagem venosa. A hiperventilação diminui agudamente o PCO2 (25 a 30 mmHg) causando vasoconstricção e diminuição do fluxo sanguíneo cerebral. As soluções hipertônicas servem para diminuir o conteúdo hídrico do encéfalo. Elas aumentam a pressão osmótica intravascular, drenando água do parênquima para o interior do vaso em conseqüência do gradiente osmótico. O manitol é o principal agente osmótico. É um álcool a 20% não tóxico e que não atravessa a barreira hematoencefálica íntegra. Também diminui a produção de LCR. O uso prolongado de manitol pode causar um “vazamento” lento para o interior do parênquima através de locais onde haja quebra da barreira hematoencefálica determinando assim uma inversão do gradiente e um “efeito rebote”.
                Os corticosteróides são utilizados principalmente em casos onde há edema vasogênico produzido por tumores, processos inflamatórios e infecciosos. Sua eficácia no TCE é discutível e ineficaz na isquemia.
                O coma induzido com barbitúrico é utilizado em último caso, na falha das outras medidas. Além de diminuir a demanda metabólica e diminuir a liberação de radicais livres, ele vasoconstringe áreas normais do cérebro e aumenta o fluxo nos locais isquêmicos. O mais utilizado é o tiopental e requer uma monitorização intensiva das funções hemodinâmicas, da PIC e dos gases sanguíneos. Seu principal fator limitante é a hipotensão arterial.
                A craniotomia descompressiva consiste na retirada de retalho ósseo da calvária com abertura e plástica da dura permitindo a expansão do cérebro para fora do crânio.


Referência biliográfica:

- Guias de medicina ambulatorial e hospitalar – UNIFESP – Escola Paulista de Medicina – NEUROCIRURGIA. Fernando Menezes Braga e Paulo M. Porto de Melo.