domingo, 24 de março de 2013

Nossos Crânios em Evolução


Esses dias passando pelas imediações de São Cristóvão e gozando da raridade de um tempo a mais decidi passar no Museu Nacional, um casarão na bastante arborizada Quinta da Boa Vista. O museu ocupa o imóvel da antiga residência da família real no Rio de Janeiro, pertence à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e reúne um dos maiores acervos científicos da América Latina. Nesse passeio pelas aulas de biologia do ginásio o que mais me chamou a atenção foram os fósseis de crânios dos nossos ancestrais, que me fez refletir bastante sobre toda a evolução até chegarmos ao presente homo sapiens e a era da internet.

Observando nossos ancestrais e até mesmo os macacos, percebo como ao mesmo tempo somos tão semelhantes e tão diferentes. Essa diferença toda é sem dúvida originada no desenvolvimento do cérebro, que nos permitiu evoluir de simples habilidades manuais para as habilidades filosóficas, matemáticas e científicas em geral. O desenvolvimento do crânio nos tornou conscientes e então viemos conhecer o que realmente somos ou, pelo menos, estamos tentando bolar algumas teorias acerca disso ao longo da história.

Na era das redes sociais poderíamos nos surpreender com o fato de que andar de forma “erecta” foi considerado uma habilidade um dia e caracterizou uma espécie hominídea. Após lascarmos a pedra no período paleolítico para criarmos instrumentos de caça e pesca, escrevemos nossos diários rupestres em paredes de cavernas contando nossos sucessos e fracassos nas caçadas selvagens. Os períodos históricos passaram e conseguimos executar obras faraônicas no Egito, contar com a contribuição de tradições de povos e pessoas (filósofos) que dedicaram a vida a pensar e tentar responder perguntas até encontrarem a razão. É interessante pensar como o sistema nervoso evoluiu de maneira centrípeta, ou seja, primeiro os nervos periféricos seguidos pela medula, que foi acompanhada do desenvolvimento da coluna vertebral e nos permitiu ser homo erectus. Depois veio o desenvolvimento do cérebro, principalmente do telencéfalo, que nos deu um sobrenome que faz alusão ao saber, a sapiência, e um crânio capaz de suportar um maior volume de neurônios. Carregamos até hoje habilidades como pensar, saber, raciocinar, filosofar, debater e concluir. Essas foram aquisições tão importantes na evolução que nos fez mudar o nome da espécie, homo sapiens sapiens, e daqui a algum tempo terão que acrescentar mais alguns sapiens no nome já que a geração video-game vem desenvolvendo muito o intelecto, além dos reflexos e da habilidade de raciocinar rapidamente. Por esse motivo as crianças nos parecem cada vez mais espertas e prometem muitas mudanças no comportamento da humanidade em um futuro bem breve.

Atualmente participamos de uma nova era, a da consciência coletiva. Temos ciência das diversas opiniões através de blogs e do facebook e somos sozinhos capazes de formar uma opinião própria, sem contarmos com a ajuda de grandes correntes manipuladoras. Contando cada vez mais com a ajuda da internet, entramos na era da liberdade da informação, quando processamos informações brutas vindo de diversos veículos de comunicação e formamos uma massa cada vez mais maciça de conclusões personalizadas em nossa mente. O intuito coletivo apesar de reprimido outrora sempre escapa em busca da evolução por outra passagem, atualmente representada pela internet, uma luz no fim do túnel. Nos dias atuais me pergunto como pode um mundo que se considera em evolução filosófica ainda sofrer feridas que sangram causadas pela inveja, raiva, ciúmes e outros sentimentos ruins?

A diferença no tamanho do crânio entre nós e nossos ancestrais não é mera coincidência. Será que teremos uma cabeça maior em um futuro onde o homem respeitará e viverá em paz com o próximo?

"Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente." (Platão, Carta Sétima, 326b).


 
 Crânio do Australopitecus
 Crânio de um Homo Erectus
Australopitecus


Aos que forem visitar o Rio de Janeiro recomendo a visita, parece que estão fazendo melhorias e obras de restaurações. http://www.museunacional.ufrj.br/
 
Bernardo de Andrada

sábado, 2 de março de 2013

O PLEXO BRAQUAL / THE BRACHIAL PLEXUS

My new frame in acrylic paint.
The brachial plexus.



 

Dr. Bernardo de Andrada
Neurocirurgião